terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Arquétipo de Oxum


ARQUÉTIPO DE OXUM

As pessoas de Oxum são vaidosas, elegantes, sensuais, adoram perfumes, jóias caras, roupas bonitas, tudo que se relaciona com a beleza.
Gostam de chamar a atenção do sexo oposto. São boas donas de casa e companheiras, despertam ciúmes nas mulheres e se envolvem em intrigas.
Oxum é destemida diante das dificuldades enfrentadas pelos seus. Ela usa sua sensualidade para salvar sua comunidade da morte. Dança com seus lenços e o mel, seduzindo Ogum até que ele volte a produzir os instrumentos para a agricultura. Assim a cidade fica livre da fome e miséria.
Oxum enfrenta o perigo quando Olodumare, Deus supremo, ofendido pela rebeldia dos orixás, prende a chuva no orum (Céu), deixando que a seca e a fome se abatam sobre o aiê (a Terra).
Transformada em pavão, Oxum voa até o deus maior, para suplicar ajuda. Mesmo tornando-se abutre pelo calor do sol, que queima-lhe, enegrecendo as penas, ela alcança a casa de Olodumare.
Indignada por se perceber excluída da reunião de orixás masculinos, Oxum torna estéreis todas as mulheres até que ela seja convidada para o encontro. Uma demonstração de que com ela é assim: bateu, levou.
Não tolera o que considera injusto e adora uma pirraça. Da beleza à destreza, da fragilidade à força, com toque feminino de bondade, é assim o jeito dessa deusa-heroína.
Sensível à condição de fraqueza, Oxum se dispõe a aliviar o sofrimento alheio. Assim ela o faz quando Oxalá tem seu cajado jogado ao mar e a perna ferida por Iansã. Oxum vem para ajudar o velho, curando-o e recuperando seu pertence.
Ela é adorada por Oxalá.
A deusa do amor parte com um ebó até Olodumare, para que não haja mais seca na Terra. No caminho ela não hesita em repartir os ingredientes da oferenda com o velho Obatalá e as crianças que encontra, e mesmo assim alcança seu objetivo pela comoção de Olodumare.
Com grande compaixão, Oxum intercede junto a Olodumare para que ele ressuscite Obaluaiê, em troca do doce mel da bela orixá. E ela garante a vida alheia também ao acolher a princesa Ala, grávida, jogada ao rio por seu pai.
Oxum cuida da recém-nascida, a querida Oiá.
Com suas jóias, espelhos e roupas finas, Oxum satisfaz seu gosto pelo luxo.
Ambiciosa, ela é capaz de geniais estratagemas para conseguir êxito na vida.Vai à frente da casa de Oxalá e lá começa a fazer escândalo, caluniando-o aos berros, até receber dele a fortuna desejada para então calar-se.
E assim Oxum torna-se "senhora de tanta riqueza como nenhuma outra Yabá (Orixá femino) jamais o fora".
A vontade de conhecer os segredos do destino faz com que Oxum, esperta que é, coloque seu poder de atração sexual em acordos para esse fim. Ela é especialista no toma-lá-dá-cá. É desse modo que aprende a arte da adivinhação com Exu, e as roupas de Obatalá, e as vestes do "Senhor do Pano Branco" pelo segredo do Ifá.
Assim Oxum se torna senhora do jogo de búzios.
Beleza, agilidade e astúcia são ingredientes do sucesso deste orixá.
No amor Oxum é ardorosa, de tão formosa e quente que é. Oxum luta para conquistar o amor de Xangô e quando o consegue é capaz de gastar toda sua riqueza para manter seu amado.
Ela livra seu querido Oxóssi do perigo e entrega-lhe riqueza e poder para que se torne Alaketu, o rei da cidade de Ketu.
Oxum provoca disputa acirrada entre dois irmãos por seu amor: Xangô e Ogum, ambos guerreiros famosos e poderosos, o tipo preferido por ela.
Xangô é seu marido, mas independente disso, se um dos dois irmãos não a trata bem, o outro se sente no direito de intervir e conquistá-la. Afinal Oxum quer ser amada e todos sabem que ela deve ser tratada como uma rainha, ou seja, com roupas finas, jóias e boa comida, tudo a seu gosto. A beleza é o maior trunfo do orixá do amor.
Como esposa de Xangô, ao lado de Obá e Oiá, Oxum é a preferida e está sempre atenta para manter-se a mais amada. Ela adora enganar Obá. Oxum induz Obá a cortar a própria orelha para cozinhar e servir para Xangô, dizendo ser o prato preferido do marido, que na verdade fica enojado e enfurecido.
Ela também engana Eleguá que, a serviço de Obá para fazer um sacrifício, corta erradamente o rabo do cavalo de Xangô.
Outra vez Obá queria agradar seu marido, mas acaba odiada por ele. Oxum definitivamente quer o fracasso de quem considera rival.
Foi de Oxum a delicada missão dada por Olodumare de religar o orum (o céu) ao aiê (a terra) quando da separação destes pela displicência dos homens.
Tamanho foi o aborrecimento dos orixás em não poder mais conviver com os humanos que Oxum veio ao aiê (a terra) prepará-los para receber os deuses em seus corpos.
Juntou as mulheres, banhou-as com ervas, raspou e adornou suas cabeças com pena de ecodidé (pena de um passáro sabrado), enfeitou seus colos com fios de contas coloridas, seus pulsos com idés (pulseiras), enfim as fez belas e prontas para receberem os orixás.
E eles vieram. Dançaram e dançaram ao som dos atabaques e xequerês.
Para alegria dos orixás e dos humanos estava inventado o Candomblé. Os mitos da Oxum mostram o quão múltipla é sua personalidade. (Prandi, 1997).

Trecho extraído e adaptado de: PRANDI, Reginaldo - Mitologia de Orixás, Mitos afro-americanos reunidos e recontados

Linha dos Boiadeiros


São espíritos hiperativos que atuam como refreadores do baixo astral, e são aguerridos, demandadores e rigorosos quando tratam com espíritos trevosos.

O símbolo dos boiadeiros são o laço e chicote que, emverdade, são suas armas espirituais e são verdadeiros mistérios, tal como são as espadas, as flechas e outras"armas" usadas pelos espíritos que atuam como refreadores das investidas das hostes sombrias formadas por espíritos do baixo astral.

Da mesma maneira que os pretos-velhos representam ahumildade, boiadeiros representam a força de vontade,a liberdade e a determinação que existe no homem docampo e sua necessidade de conviver com a natureza eos animais, sempre de forma simples, mas com umaforça e fé muito grande. São habilidosos e valentes.

São regidos por Iansã-Oyá e Ogum, tendo recebido damesma autoridade de conduzir os eguns da mesma forma que conduziam sua boiada, onde levam cada boi(espíritos) para o seu destino, e trazem os boisque se desgarram (obsessores, kiumbas e etc) devolta ao caminho do resto da boiada (o caminho do bem).

Suas maiores funções não as consultas como as dos pretos-velhos, nem os passes e as receitas de remédios como os caboclos, e sim o "dispersar de energias" aderidaaos corpos, paredes e objetos. É de extrema importância esta função, pois enquanto os outros guias podem se preocupar com o teor das consultas e dos passes, os boiadeiros "sempre" estarão atentos à qualquer alteração de energia do local (entrada de espíritos negativos).

Portanto quando bradam em tom de ordem como se estivessem laçando seu gado, estão na verdade ordenando os espíritos que entraram no local a se retirarem, assim "limpam" o ambiente para que a prática da caridade continue sem alterações, já que as presenças desses espíritos muitas vezes interferem nas consultas de médiuns conscientes.
Esses espíritos atendem os boiadeiros pela demonstraçãode coragem que os mesmos lhe passam e são levados poreles para locais próprios de doutrina. Com seus chicotes e laços vão quebrando as energias negativas e descarregando os médiuns, o terreiro e as pessoas da assistência.

Outra grande função de um boiadeiro e manter a disciplina das pessoas dentro de um terreiro, sejam elas médiuns dacasa ou consulentes.

Eles nos ensinam a força que o trabalho tem e que oprincipal elemento de sua magia é a força de vontade,f azendo assim que consigamos uma vida melhor e farta.

É uma linha poderosa e muito numerosa no mundo espiritual e seus caboclos atuam nas sete linhas de Umbanda, e são descritos como Caboclos da Lei.


Atabaques : Dentro da ritualistica de Umbanda existeum elemento de grande importância que é a Curimba formadapor médiuns que se dedicam ao estudo dos cânticos ritualísticos.
Há uma grande influência dos boiadeiros no trabalho da curimba, pois eles regem suas forças e fundamentos.
Os atabaques são formados basicamente por três elementos da natureza: Animal (couro) , Vegetal (madeira), Mineral (ferragens). Estes elementos por sua vez encontram-se no ambiente (reino) natural destas entidades e a força da curimba no terreiro está justamente em conseguir dissipar as energias negativas, inibir a ação de obsessores e desagregar miasmas e larvas astrais que estejam impregnados no ambiente de trabalho conseguindo com isso um êxito maior.


Ervas de Boiadeiro: Alecrim do Campo, Capim-Manteiga,Cravo da Índia, Folha de Manga, Gravata e Chapéu de Couro.


Saudação: Getuá Seu Boiadeiro!


Oração a Boiadeiro


Ó Deus salve o oratório (bis)

Onde Deus fez sua morada, oiá meu Deus

Onde Deus fez sua morada , oiá

Onde mora o cálice bento (bis)

E a hóstia consagrada oiá meu Deus

E a hóstia consagrada oiá

De Jessé nasceu a vara (bis)

Da vara nasceu a flor oiá meu Deus

Da vara nasceu a flor oiá

E da flor nasceu Maria (bis)

De Maria o salvador oiá meu Deus

De Maria o salvador oiá.

Descrição de uma gira de Boiadeiros e Baianos



Baianos e Boiadeiros


Em virtude das influências dos rituais africanos, mais especificamente do Candomblé, muitos terreiros umbandistas associam a manifestação do Povo da Bahia com a manifestação dos Boiadeiros. Os boiadeiros no ritual do Candomblé representam a palavra do Orixá, que não fala em sua manifestação e participa das danças em ocasiões especiais com o nome de xirê. Cabe aos boiadeiros e êres (crianças), trazer os recados dos Orixás, e auxiliar na execução de diversos rituais de purificação. Também auxiliam os Orixás, no atendimento de pessoas necessitadas do auxílio espiritual ou temporal. Geralmente são espíritos que se apresentam com forte sotaque baiano ou nordestino, e se paramentam com roupas de couro que os sertanejos usam nas cantigas do nordeste.
Na Umbanda o Povo da Bahia, tanto é a manifestação de espíritos nordestinos (entidades femininas e masculinas) ou como os boiadeiros do Candomblé, e também pode se referir aos Pretos Velhos da Bahia (entidades femininas e masculinas).
Em nossa Fraternidade, o Povo da Bahia, se apresenta com os espíritos nordestinos, e algumas vezes são sertanejos da caatinga. E conforme a definição de povo na hierarquia divina, são espíritos que se comunicam de forma descontraída e alegre, para conseguir a simpatia e confiança das pessoas. Apesar de sorridentes, são espíritos que travam os piores combates contra energias perversas e destruidoras. São vigilantes que executam as tarefas de zelar dos locais de trabalho espiritual, retirando as cargas negativas presentes através de suas danças e cantos. Em algumas oportunidades são rudes e assim chamam a atenção, para que possam expulsar espíritos perigosos e malfeitores, como aqueles que promovem a mistificação.
Quanto aos Boiadeiros, pertencem às vibrações da hierarquia chamada Banda. São os aspirantes ao trabalho dos Caboclos. Muitos médiuns se confundem com as sensações que eles emanam durante suas incorporações, impedindo assim a manifestação desses espíritos.
Seguindo o raciocínio que a extensão territorial de nosso país é imensa, e que em várias partes dele existem diferentes manifestações culturais. Podemos afirmar que o mundo todo, com seus usos e costumes influenciaram o povo brasileiro nesses quinhentos anos.

Os Boiadeiros possuem pontos cantados que são universais, pois falam da função ou o trabalho dos vaqueiros. Porém em alguns são mencionados aqueles que vêm de Minas, portanto são mineiros. Outros pontos falam do gaúcho e também do pantaneiro mato-grossense, usando músicas folclóricas das regiões correspondentes.
Todos os Boiadeiros falam muito pouco, ou raramente falam. Durante o seu trabalho fazem o gesto de laçar como se estivesse segurando uma corda. Esse gestual indica que está retirando do local todos os espíritos perdidos, encaminhando-os para seu justo destino no aprendizado pela evolução.
Tanto os Baianos e os Boiadeiros, trabalham para Linha que acompanha o seu médium.
Por exemplo: para o filho de Oxosse o seu Baiano protetor responde para Oxosse. Isso quer dizer que todos os seus trabalhos serão acompanhados das ervas, cor de vela, dia da semana e local para oferendas referentes à Linha de Oxosse.
Saudação para os Baianos - Salve o Povo da Bahia! ou É pra Bahia Meu Pai !

Bebida - Cerveja ; Batida de Coco

Comida oferecida - Farofas de diversos tipos; Cuscus etc.Utilizam ervas para passes, cada entidade com suas preferências.


A saudação para os Boiadeiros pode ser igual à do Candomblé - Xetro á Ou simplesmente - Salve o Boiadeiro!

As bebidas oferecidas variam conforme a manifestação:

Boiadeiro nordestino - cerveja, cachaça , os dois em coité

Gaúcho - chimarrão em cuia própria

Pantaneiro - tererê , mate frio em chifre.


Em nossa Fraternidade evitamos bebidas com alto teor alcoólico oferecendo alternativas, deixando as bebidas de preferência para as oferendas em local e data determinados.

As Fronteiras do culto aos Orixas

A longevidade do culto aos Òrìsás não tem fornecido as condições essenciais de garante de equidade de tratamento legal e social. Há verdadeiras fronteiras e regidas aos sacerdotes e devotos de tão milenar culto, quer em África (ponto de origem) quer no Brasil, quer mesmo em Portugal.
A crença animista e panteísta do culto aos Òrìsás, a incorporação, a estética berrante e os sistemas adivinhatórios, têm constituído uma complexa barreira entre a prevalência do culto e a discriminação generalizada.
Convencionalmente atribuísse às sociedades escravocratas, de vivência religiosa cristã-católica, a responsabilidade da segregação e discriminação do culto aos antigos deuses/semi-deuses africanos. A organização dos negros em confrarias religiosas do tipo católico, o missionarismo dos sacerdotes católicos e o medo face ao desconhecido, serviram durante décadas para fecundar a marginalização que perdurou até hoje, composta de todos os mais negativos adjectivos.
Todavia, as fronteiras erguem-se em todas as direcções. Em África, o culto aos Òrìsás sofre também de um estigma social extremamente forte. Embora seja considerada a mãe de todas as crenças, o legado tradicional e uma herança cultural, o culto tem no fulguroso islamismo e no crescente cristianismo importantes segregadores e estigmatizadores sociais.
No Brasil, à medida que o catolicismo vai perdendo expressão e o poder central vai afirmando o seu laicismo positivo – através de medidas de reconhecimento da pluralidade religiosa e de compensação da dívida histórica face ao culto aos Òrìsás (ali chamado de Candomblé) – crescem entre as novas expressões religiosas o mais profundo preconceito, perigoso e ilegal ataque à religião dos Òrìsás. As missões evangélicas, sobre todas as suas formas, acusam a herança religiosa africana de ser responsável pela pobreza e criminalidade no Brasil. Enquanto crença de origem africana apresenta-se, para esses, como o verdadeiro anti-cristo, esquecendo e renegando o papel vital das comunidades religiosas do Candomblé na integração comunitária, no combate à pobreza e à fome. A própria identidade das missões evangélicas assenta muito na oposição ao Candomblé. Sem o culto aos antigos deuses dos escravos, os evangélicos perderiam parte da sua força e mensagem – marcada por um fundamentalismo de ataque.
Em Portugal, o culto aos Òrìsás começa a disseminar-se, através dos mais diversos canais sociais e mediáticos. A televisão, através das telenovelas, abriu a porta à curiosidade e ao sensorial. O crescendo fluxo de trocas simbólicas entre Portugal e o Brasil acelerou o processo. Todavia, devido a uma ainda existente moralidade e convencional ética/estética católica, o culto aos Òrìsás ganha maior relevo através da Umbanda, religião brasileira por excelência, e promotora do sincretismo afro-católico. Ademais, a própria religião auto-estigmatiza-se, através de um sem número de novos sacerdotes, que não tendo completado os ritos iniciáticos ou até mesmo não tendo sido iniciados no culto, se afirmam megafonicamente como pais e mães-de-santo. Institucionalmente, em Portugal, a fronteira será quebrada quando o governo português se dispuser a oficializar os cultos afro-brasileiros, e lhes conferir estatuto de igualdade face às demais religiões. Tal só ocorrerá quando o Ocidente deixar de centrar o diálogo intercultural e inter-religioso na dicotomia cristianismo/islamismo.

(pré-publicação de artigo da Revista Sem Correntes)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Boiadeiro da Estrada

Boiadeiro Da Estrada

Sou pedra no seu caminho
Viajo muito sozinho pelas noites
Madrugadas
Sou rei do gado festejo na lua
Guardo os seus beijos
Sou boiadeiro da estrada
Acordo sempre sorrindo
Sem destino vou seguindo
Pensando na minha amada
Às vezes estou chorando
Lembrando me apaixonando
Quanto amor na madrugada
Já guardei o meu cavalo e meu
Violão também
Já tomei milhões de pinga
Para esquecer o meu bem
Pra esquecer do passado do
Meu amor sem ninguém
Pra esquecer do passado do
Meu amor sem ninguém
Sou rei do gado sou vaqueiro
Sou peão
Passa a fronteira dentro do meu coração
Sou terra firme dediquei-me na canção
Será que a vida é amor sem ter perdão

Campineiro Rei



CAMPINEIRO REI

Boiadeiro


Apesar do deserto em que se transformou a São Vicente, nas baias ainda o cheiro estrume; a mistura dos suores boiadeiros com a respiração dos animais; o capim molhado pelas chuvaradas quase diárias. O pasto não há mais, é terra empobrecida, moradia de ervas daninhas. O cultivo de hortênsias é morto e tudo o que existe são, quando muito, flores brutas, deseducadas, sem beleza. Ociosa contra a vontade, a roda d'água como que resmunga silêncios, mau humor. Alguém interpretasse seus protestos mudos, veria: a qualquer instante retornará ao trabalho, assim que a antiga cascata, barulhenta de contentamento, nascer outra vez do interior das pedras. Enquanto isso, lá no fundo da estrebaria, um homem ainda existe. Enxergando os cenários real e imaginário, apesar dos olhos. Respiração embaçada, pálpebras querendo adormecer para sempre.

Nem se pode afirmar aquele caminho fosse uma estrada honesta: antes, trilha aberta na campina já sem personalidade, tanto mato mastigando as margens da antiga ligação entre os vinte e poucos quilômetros existentes entre a cidadezinha e a porteira. Contudo, um sujeito envelhecido demais segue, exato o cansaço personificado num boiadeiro. Já sem o inseparável alazão que há muitas curvas atrás marcara encontro com a morte, após uma vida enorme e cúmplice e sacrificada. Não mais domestica burros xucros, tampouco derruba bois brabos pelos chifres. Nem por isso abandona o chapéu de couro e toda a indumentária típica do ofício. Que não exerce faz tempo. Naquela época era um satisfeito na vida, homem pleno: fedendo a excrementos bovinos; constantes cigarros de fumo desfiado e envolto em palha; aguardente no fim da labuta à noitinha, prosa adernando à esquerda e à direita como bêbada estivesse; as gargalhadas dos manos tão exaustos quanto felizes. Por isso insiste arrastar os pés gretados naquela terra batida que o empurra para a velha fazenda. Quer abraçar novamente, quem sabe pela última vez, seu berço e destino. Antes que a terçã devore suas forças. E as tosses expulsem o restolho de sangue fatigado ainda existente nas artérias do corpo. Corpo? Eufemismo... Melhor rasgar as máscaras do verbo: carcaça viva. Teimosa em manter-se ereta. E é um pé ferido após o outro, lentos sob a noite, marcando descalços o chão amarelo.

Aperta com carinho o cigarro de palha entre os dedos. Respiração difícil. Fumaças, muitas, sobem. Mas não evaporam: como que tangidas por boiadeiros invisíveis, atravessam os janelões da estrebaria e o telhado sem quase nenhuma telha, por onde mergulha um luar azul, oblíquo. Morto em pé, senta. Atira longe o bornal magro. Encosta todas as dores, os músculos exauridos, os ossos, nas tábuas arruinadas da parede lá no fundo da construção. Escarra. Um fio de saliva pende do lábio inferior, querendo fugir. Sede medonha, de quem precisa beber o mundo. Apalpa algibeiras com saudades da santinha, parceiros desde quando se perdeu, molecote, nas brenhas da floresta vizinha à São Vicente, procurando encontrar o primeiro bezerro desgarrado de sua vida. Bolsos vazios, entretanto: ela, também ela, mesmo santa, me disse até nunca mais. Na certa apeou do gibão lá na estrada, esqueceu minha pessoa sem reza que dê jeito. Também... essa pá de morte chegando perto demais... Quantas horas ainda tenho nas mãos? Na verdade verdadeira isso pouco importa agora e na hora de nossa morte. Amém. Resignado, lança fumaças grossas que engolem, névoa, todo o ambiente. Enquanto as janelas se fecham, mansas. Com aquela mesma sabedoria disfarçada de velhinhas simpáticas quando estas em suas casinhas abrem calmas e risonhas as janelas que sempre cumprimentam varandas e terreiros.

A lua parece enfastiada, sem muita vida, mas ainda encontra ânimo para alumiar, luminária característica dos palcos teatrais, cena que aos poucos e mal definida vai se construindo a alguns metros diante do cristalino direito, neblinado pela catarata: um boiadeiro, menino que só, adentra a estrebaria conduzindo novilhos; lá fora é sol bastante para mangalargas tranqüilos no pasto, imenso e gramíneo mar; dois cabras à toa encostados no mata-burro, outros tantos aboiando três, quatro, manadas; mãos mulheres aguando hortênsias; brincadeiras de crianças com os perdigueiros; braçais e o debulho no paiol onde o milho diariamente os espera; uma falange de gansos passa grasnando, na mesma afobação de quem furta; a roda d'água gira feliz, com seu ritmo compassado e uma certa música que aplaude a vida contagiante da São Vicente. Imagens que se repetem iguais na mesma seqüência, videoteipe infinito. Contudo, não usasse também os olhos do devaneio e da lembrança, enxergaria sem muita nitidez: os nevoeiros do cigarro de palha e do olho enfermo são espessos demais para permitir.

Agora resta um nada, se a memória não o engana. Mais outra curva, depois aquele antigo córrego tão filete d'água que nunca mereceu ponte. O sol, encerrado o expediente no mundo, fecha as pálpebras: o firmamento veste um longo preto, vestido de noite. Existe uma lua cortejada por estrelas apaixonadas, cada qual pretendendo-se mais diamante. Constelações, criaturas femininas, são mesmo assim... brincos pingentes que parecem balançar na ventania gelada que sopra de todos os lados do planeta. A mesma friagem que, até certo ponto, cauteriza dores musculares e as provocadas pelos ferimentos. Os machucados de aqui dentro (oxalá eu tivesse sabença pra entender todos eles) até nem doem tanto, de tanto que é boniteza esse céu piscando feliz pra mim...

Boiadeiro velho e sem préstimo cuja vontade única na vida é morrer com algum sossego, a beleza da noite o faz lembrar da primeira e inesquecível imagem que possui guardada de sua própria pessoa, quando ainda criança: sentado num mourão de cerca, ele observava, boquiaberto, Campineiro domar égua alazã arredia por demais. Os gritos, a firmeza no laço, o animal escoiceando até cansar, a força física teoricamente impossível àquele corpo magro. Aí chegou perto de mim, suarento, olhar secava qualquer pimenteira, a cara franzida. Cruzei os braços. Encarei sério e com medo a pessoa mais benquista de toda São Vicente, logo depois da Sinhá. Por quanto tempo ficamos medindo a gente? Complicado saber, tenho cabeça fraquejada pra contas. Só me perguntava quem de nós ia arredar os olhos primeiro. Eu é que não! No final ele riu um bocado da nossa peleja sem palavras e disse aos companheiros: homem, seu menino! E não é bem verdade que esse cabôco miúdo aqui vai ser cabra-macho?! Podem escrevinhar! Daqueles batutas que esbofeteiam a cara de touro metido a brabo, e o bichão, com chifre e tudo, esconde a rabiola entre as pernas, igualzinho que nem cachorro frouxo. Ouça, moleque: em nome do boiadeiro raçudo que você vai ser, eu te batizo Campineiro Rei. Vai me substituir à altura, tenho certeza. E estamos conversados. Agora cama, que a noite hoje está agalopada... falta uma migalha qualquer de tempo pra ela apear por essas bandas. Volte amanhã, e depois, e depois... e sempre. Vou ensinando manso as espertezas da labuta. Só tem uma coisa que não posso dar ensinamento: a sua cantiga. Cada um desses aí ó, bons no laço, tem uma. Mais logo, quando for dormir, aconselho moer o bestunto na modinha que vai te seguir por toda a vida. Desça da cerca. Agora vá. Lugar pra menino quando o céu está assim todo belezura de estrelas é debaixo das cobertas, a cabeça no travesseiro e as idéias cavalgando outras estrelas, as do pensamento... Oxente!... Êta ferro, que um palavrório arretado de bonito trepou em mim de jeito hoje, cabroeira!...

A brasa do cigarro adormece lenta, fazendo companhia à secura da sozinhez, à evaporação daquela vida com cheiro de capim e estrume que estava ali há não faz muito. Imagens, sons da São Vicente... para onde? A guimba ele esmaga entre as mãos trêmulas, e farrapos do fumo escapam pelos dedos e repousam no chão. Querendo brotar? É poeira de lama seca, a terra, contudo. Dói os olhos a febre incandescente, ruminando o corpo rarefeito. Paredes erguidas com tábuas irregulares, lazarentas, vêm abaixo, um segundo após o outro. Uma a uma. Como pedras dominós, caem para o lado externo da estrutura. Desabam sobre o terreno ocupado pelo abandono. Os caibros, que um dia foram leito para telhas serenas, porém, não: continuam. Pilastras de madeira sustentam. A lua, esposa que reconhece não haver mais espaço para exibir ao amado sua feminilidade, entristece e murcha, se liquefaz em lágrimas: chuvisca. Conseqüência, estrelas infelizes por verem destronada a rainha do céu noturno, fogem para a Terra, em disfarces pirilampos. Súditas, órfãs, apaixonadas. Aos milhares, voam em fila mais ou menos indiana a partir do horizonte. Seguem em procissão, velas acessas que piscam alternadas. A caminho do corpo boiadeiro, alquebrado corpo, quase falecido e quase vivo corpo.

Não obstante a catarata, ilumina-se com o próprio sorriso ao enxergar, logo após a curva, a fazenda. O negrume mal transgredido pela claridade escassa da lua torna difícil cores e pormenores das construções capengas existentes atrás da porteira semiaberta, carcomida; o pasto expulso pelo matagal; o paiol tão ferido que irreconhecível; a casa-grande é um esforço heróico em manter-se digna, colonial, nariz em pé como nos tempos de ontem; a estrebaria destelhada. Entretanto, os dois ipês, que jamais negavam sorrisos a quem visitante do latifúndio, conservam-se flores, lindos. Quanta boniteza, Santinha! Ato num repente: joelhos se machucam nos pedregulhos do chão, persigna-se. Emoções, risca no pó do caminho uma reza querida. Outra crise de tosse, agora acompanhada de muita dor no tórax. Levanta-se, ultrapassa a porteira em direção à estrebaria para morrer em paz. Entra. Apóia as costas na parede. Deixa escorrer o corpo. Senta. Põe para funcionar o cigarro de palha, espécie de amigo.

Cadáver ainda não morto por completo, uns sangues arteriais vêm à boca em golfadas. E o mundo é um planeta vermelho. Semicerra as pálpebras, rindo satisfeito porque a vida lhe diz adeus. Ainda existe tempo para enxergar os vaga-lumes se aproximando velozes. A cabeça pende ligeiramente para a esquerda. Uma lágrima do olho débil escorrega, inunda a íris vizinha que aos poucos embranquece... embranquece... encatarata. Agora dois, os olhos leitosos não vêm os besourinhos iluminados pousarem todos no corpo que, num último fôlego canta a velha toada composta por ele quando estava aprendendo a função boiadeira:

_ Eu vou tanger minha boiada entre as estrelas do céu...
Cumprimentar minha sinhá com o meu chapéu...
Que é de couro sim...
Sou Campineiro Rei...

Pensamento de Boiadeiro


Prepare o seu coração para as coisas que eu vou contar. Eu venho lá do sertão, um sertão longínquo, diferente, uma terra do nunca, longe do equilíbrio, além das brumas de uma Avalon que para muitos não existe. E o que digo pode não lhe agradar. Aprendi a dizer não, não à estupidez, não à normose, o normal dentro da neurose. Aprendi a ver a morte sem chorar, a morte física e a dos hábitos caducos. E penso que é isso em mim que muito lhe incomoda, já que há muita coisa fora do lugar e eu vivo prá consertar. Afinal, por que estou onde estou? Percebi a marcha da boiada e saquei que nela já fui mestre, doutor e rei, seguindo os mornos e insossos com um belo cabresto que ver não ousei. Também reconheço que já fui boiadeiro com laço firme e braço forte. Naquela ótica, filhos, alunos e colegas mais jovens eram feitos para obedecer sem direito a questionamentos. Havia aprendido bem com os governos dos anos 60 e 70. Pelos anos de estudo, idade e títulos, eu era o dono do conhecimento, guia e sócio da boiada. Aclamado, segurei muito gado e muita gente durante a vida metódica e castrada, ensinando o único caminho certo, aquele de entrar um dia no matadouro com orgulho e marca registrada. Seguia como num sonho, ou pesadelo, onde boiadeiro era um rei. Mas o tempo foi passando, o mundo foi rodando, as visões se clareando, até que um dia acordei! Então, caíram os cabrestos, os tapumes invisíveis a olho nu, e não pude mais seguir altivo, valente, dono de gado e gente. Afinal, gado a gente tange, ferra, engorda e mata, mas com gente é diferente! Lembrei-me da Bell, cujos algozes ainda se chafurdam nos tempos de boiadeiro-rei, esquecendo-se dos fortes ecos da pradaria e dos bumerangues energéticos que fazem grandes estragos na volta imprevisível em meio à tempestade e à ventania. Vejo que há ainda muitos que se dizem mestres e doutores que seguem seus sonhos de boiadeiros-rei, ferrando, engordando e matando quem ousa desafiar as cartilhas amareladas, pregando que a ciência é definida pelo conjunto de lambanças e abusos onde se lambuzam. Nas reuniões, primam pelas falácias e pelo inútil. Na Física, a boa é só a clássica, onde observador não interfere no observado, onde aluno é só objeto e as experiências que valem só ocorrem com equipamentos do mundo ideal e irreal. Segundo os emissários de laço firme e braço forte, quem deixa esses maravilhosos equipamentos de lado e leva os alunos para práticas abertas à natureza, é ignorante e não entende de boiada. Física Quântica na saúde e na vida é pura bobagem! É como Avalon ou o gato de Schrodinger que, na prática, não existem. Para esses boiadeiros-rei, é preciso ser sério na ciência, mesmo que morto. O morto sério, moralista e castrado, nunca acha que está morto. Para os inúmeros boiadeiros-rei, o “até que um dia acordei” ainda não chegou. E, olha, se você não concordar, não posso me desculpar, pois não canto prá enganar. Vou pegar minha viola, deixar você de lado e cantar noutro lugar. Fica você com a mesmice que lhe é conhecida, o engodo do caminho único, insistindo em florear e bendizer o matadouro, seu fúnebre objetivo final. Quanto a mim, vou para lugares onde, como diz F. Capra, até as pedras ouvem. Ficaria feliz, entretanto, se você se questionasse, mesmo que nas sombras da noite, como fez Nicodemos. Ah, se você quisesse ir até mais longe do que eu, construindo um reino que não tem rei! Seria uma disparada na sua espiral evolutiva. Quer vir? Quem sabe um dia quando você, de verdade, entender a mensagem.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Ogum na Umbanda

Ogum na Umbanda é São Jorge, ou como os umbandistas chamam São Jorge Guerreiro. As lendas de S. Jorge remontam da época das Cruzadas; sua armadura foi levada da Capadócia para a Inglaterra, de onde é padroeiro.
Segundo as lendas, ele teria sido um destemido guerreiro, um vencedor de batalhas, de dragões e protetor de fracos e oprimidos.
Por sua personalidade forte de guerreiro, sendo conhecido pelos seus fiéis como "santo forte", "vencedor de demandas", "general da Umbanda", etc.
São Jorge é extremamente popular e, através de sua sincretização com Ogum, tornou-se o padroeiro da guerra e da tecnologia, simbolizando todo aquele que trabalha nas linhas de frente, abrindo novos caminhos e alargando fronteiras.
É fácil entender o porque da grandeza de Ogum, já que ele foi o escolhido, pelo Criador, para ser o comandante de todos os Imalés. Ogum é o rei do ferro e protetor de todos os que venham a trabalhar com instrumentos metálicos. Conhecido e festejado na África como padroeiro da Agricultura.
Na Umbanda, Ogum continua comandante (Tata) e guerreiro invencível. Se na África seus sete nomes coincidem com os das sete cidades que formavam o reino de Irê, na Umbanda eles se tornaram as falanges que seguem :
a) Ogum Beira-Mar - age nas orlas marítimas;
b) Ogum Yara - age nos rios;
c) Ogum Rompe-Mato - age nas matas;
d) Ogum Malê - age contra todo o mal;
e) Ogum Megê - age sobre as almas;
f) Ogum De Lei - age junto com a justiça;
g) Ogum de Ronda - age nas ruas, do lado de fora das porteiras;
... e pra cada falange, atuando em uma região ou em conjunto com alguma força.
A incorporação de Ogum é fácil de se perceber:
Seus filhos tomam uma forma militar com os ombros retos, peito estufado, andar ereto e com a mão ou dedo esticado acima da cabeça.
Cor: Vermelho e branco
Planta: Espada de São Jorge e palmas brancas e vermelhas
Guia: contas de cristal vermelha e branca, dependendo da falange podem ter maior predominância de uma cor do que de outra.
Local: Estradas, limites, beira de trilhos do trem.
Saudação: Ogum Inhê! Patacori Ogum!

Orixás, A Quem Pertence ?



Os Orixás pertencem a nós ou nós é que pertencemos a Eles? Temos a posse de seu culto e o direito de reclamar esta posse, a quem queira cultua-los fora de nossa realidade? Ou será que Eles, como Divindades, estão muito acima de nossos egos e vaidades? Estão muito acima do direito de posse? Algum tempo atrás acompanhei uma discussão, sobre o fato de se cultuar Yemanjá nos rituais de Wica , a Sacerdotisa Wica defendia que Yemanjá é a Deusa, enquanto outras Sacerdotisas defendiam que a Deusa não poderia ser Afro e Umbandistas acharam um absurdo "levar" Yemanjá para um ritual Wica . Sabemos que Yemanjá , ao atender alguém, não lhe pergunta qual a sua religião, logo a Sacerdotisa que se entenda com Yemanjá . Já imaginaram o Papa reclamar o direito exclusivo em cultuar e amar a Jesus e os demais Santos Católicos, todas as outras religiões Cristãs deveriam " devolve-los " para Roma e nós Umbandistas teríamos que nos desfazer de nosso sincretismo com os Santos e inclusive seriamos acusados de deturpar o culto aos mesmos, já que somamos a eles os valores " afro-amerindios ". Ouvimos falar que certos Orixás não são da Umbanda , bem de quem eles são então? Divindades têm donos? Podem alguns Orixás ser de Umbanda e outros estarem nela por engano? Ao que sabemos todos Orixás tem a mesma Origem Yorubá , a mesma origem nos Cultos de Nação, onde na África cada Nação tinha o culto voltado ao seu Orixá, considerado o ancestral de todos ali. Mas o Orixá tem vida própria, ele é Divindade, é um Trono de Deus, não precisa de nós para existir e sim nós é que precisamos deles para existir, mesmo que muitos de nós não o saibamos. Para atender as necessidades de diferentes grupos sócio-culturais surgem novas religiões, pois a cada dia surgem novas realidades, mas é sempre o mesmo Deus e claro as mesmas Divindades que ressurgem . Às vezes com nomes diferentes e outras vezes com os mesmos nomes. Os Orixás aparecem na Umbanda , mas já dentro de um outro contexto, diferente dos Cultos de Nação, de outra forma , pois é uma religião diferente. O " preto-vélho " (que para os Cultos de Nação é " egum " e não incorpora no mesmo "chão" que o Orixá ) , nos apresenta os Orixás, todos quanto ele conhece no Astral, todos quanto ele cultua em espírito na " Aruanda ". E aqui na Terra, na matéria, ainda se discute se estes Orixás são de Umbanda, que duvida podemos ter? Se quem os apresenta a nós é o mesmo "preto-velho", não há duvidas, pois somos filhos destes Orixás. O filho reconhece o Pai e o Pai reconhece o filho. Não teria o filho de mudar de religião, para continuar com o mesmo Pai ou Mãe, já que uma vez reconhecida à paternidade divina dos Orixás, pouco importa o que outros digam, o que importa é que ali ele foi apresentado ao filho. Apesar de termos um Pai e Mãe de Cabeça, somos filhos de todos Orixás !!!


Por: Alexandre Cumino

Orixás de Frente, Ancestral e Adjunto


Orixá Ancestral é aquele que magnetizou o ser assim que este foi gerado por Deus e o distinguiu com sua qualidade original e natureza íntima,imutável e eterna.Poderemos reencarnar mil vezes e sob as mais diversas irradiações, e nunca mudará nossa natureza íntima.

...Orixá de frente é aquele que rege a atual encarnação do ser e o conduz numa direção no qual o ser absorverá sua qualidade e a incorporará às suas faculdades, abrindo-lhes novos campos de atuação e crescimento interno permanente.

...Orixá Adjunto é aquele que forma par com o Orixá de frente, apassivando ou estimulando o ser, sempre visando ao seu equilíbrio íntimo e crescimento interno permanente.


...A cada encarnação, há troca de regência de encarnação.E nessa troca, os seres vão evoluindo e desenvolvendo faculdades relativas a todos os Orixás.
...Na ancestralidade, todo ser macho é filho de um Orixá masculino e todo ser fêmea é filha de um Orixá feminino.
...Existem sete naturezas masculinas e sete naturezas femininas tão marcantes que é impossível ao bom observador não vê-las nas pessoas.
...Podemos identificar a ancestralidade de alguém observando o olhar, as feições, os traços, os gestos, a postura etc., pois estes sinais são oriundos da natureza íntima do ser, apassivada pela regência de encarnação, mas não anulada por ela.
...Podemos identificar o Orixá Adjunto nos gestos e nas iniciativas das pessoas, já que é por intermédio do emocional que ele atua.
Parte do texto retirado do Livro: "Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada "
Obra de Rubens Saraceni.

A Entidade Tem Que Dizer Tudo?


Maria Padilha das Almas
Mensagem recebida em 16/04/08
Médium Mãe Vanessa Cabral
Dirigente do Templo Universalista Pena Branca
(Terreiro Filiado ao Centro Espiritualista Caboclo Pery)

Sempre escuto isso: “A Entidade tem que falar tudo!” E sempre digo isso: “Claro que não!”
Até quando meus filhos, vocês vão fingir que não entendem? Porquê “burros” vocês não são! Não vêem que não somos os donos da verdade? A verdade está dentro de cada um de vocês e Deus independe da verdade ou da mentira... Ele é onisciente, ou seja, tudo só Ele o sabe!
Já olharam para si mesmos, procurando identificar o quanto há de orgulho neste pensamento? É como se vocês se achassem mais importantes do que os outros e chegam até pensar que, nós todos, espíritos em evolução, tivéssemos a obrigação de dizer o que vocês por covardia não falam! Mas falam que nós, Exus e Pomba Giras, não seguramos a língua dentro da boca! E vocês? Basta virarem as costas pra soltarem a língua também!
Não somos iguais a essas “máquinas” de fazer dinheiro, que soltam uma “bolada” pra chamar a atenção do mundo inteiro! E repito, pra chamar a atenção do mundo inteiro, assim: “Joguem, joguem mais, cada vez mais”
Jogar? Só se for jogar fora, iah, há, há... E enquanto isso, nem percebem que o que vocês têm é o que realmente tem valor! Passam uma vida inteira tentando viver que nem um doutor! E acabam vivendo que nem um computador! Iah, há, há, joga o laço seu Zé, no filho de pouca fé!
Já devem estar pensando: “Nós todos, espíritos em evolução, mas e os espíritos de luz?” Iah, há, há... Nós todos, espíritos em evolução sim, pois a escuridão só existe no pensamento dos filhos! Se todos caminham para a eternidade, só pode haver Luz, pois na escuridão ninguém caminha pra lugar algum, iah, há, há...!
Nos olhos de quem vê, é tiro na certa...
Nos olhos de quem crê, é bala que adoça a alma e logo enxerga!


quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Voltando


O que você faria de pudesse voltar ao passado? Um dia no passado...? Qual seria sua escolha? O que mudaria em sua vida atual se pudesse ter essa possibilidade?
Primeiro lugar você deve ter certeza do dia que deseja revisitar...Pergunte a seu coração, feche os olhos e...Talvez a grande oportunidade de abraçar aquela pessoa que já se foi, de pedir desculpas por algo dito ou deixado de dizer, impedir a partida de alguém que jamais voltou, lembrar ao outro o quanto o amava, sorrir e ver o sorriso de alguém especial, ir ao encontro nunca realizado...
Visitar aquele parente distante visto somente na infância, correr pelo bosque hoje transformado em um decadente conjunto residencial... Sentir o ar batendo em seu rosto, comer aquela comida que hoje os médicos terminantemente lhe proíbem... Segurar na mão de alguém que não mais pode lhe dar as mãos, sentir o afago no cabelo, o toque dos lábios ardentes, o perfume inesquecível do amor.
Contar a verdade sempre ocultada, destruir a mentira que nunca fora desmascarada. Quanto faríamos se pudéssemos voltar um dia sequer? Seriamos mais felizes hoje por conta de um único dia? Sim esmagadoramente a resposta seria sim, mas não podemos voltar um segundo sequer em nossas vidas. O criador nunca nos permitira tamanha proeza. Porem, (e apenas alguns afortunados percebem isso); ele nos da uma enorme ajuda, quando nos proporciona a oportunidade de conhecermos o plano espiritual e através dele repararmos erros e ate mesmo evitá-los.
Muitas vezes aos pés das entidades recebemos verdadeiras pérolas de amor e fraternidade e não raro as jogamos fora. Quantas vezes pretas velhos, eres, caboclos, exus, baianos e tantos outros já nos abraçaram e transmitiram conhecimentos de amor e fraternidade desprezados? Então se você tem essa oportunidade abrace-a com carinho, ouça os conselhos fraternais, ampare e deixe-se amparar, releve, ame vibre na fé de OXALA e seja feliz!
Certamente que não vai conseguir mudar o que passou, mas pode amparado pela LEI MAIOR mudar seu futuro e amenizar erros do passado...
Saudações de Fé.
ZEZINHO BAIANO

VESPEIRO OU FORMIGUEIRO?


Pelos espíritos Caboclo Boiadeiro Zé do Laço e Malandro Zé Pelintra das Rosas,


em 12/11/08,


Psicografia de Mãe Vanessa Cabral


Uai gente sô, minha manada!

Segura o potro que não quiser nada com nada.

É melhor morrer no açoite do que viver no açougue...

Ai minha nossa Senhora, tem bezerro que não entendeu,

é só olhar para o próprio umbigo e não para o meu!

Bêbado fica de bar em bar, cavalo arredio não se cansa de tanta cerca pular!

E ainda ouvir ladainha?

Só se for pra virgem Maria!

Não adianta chorar e pedir pra mamar, vai ficar na cocheira inté o patrão chegar...

E quando isto acontecer, peão não quer tá perto pra ver...

Por que este patrão não usa chapéu, em volta da cabeça, um cocar que aponta para o céu.

É bom lembrar que ele recebe ordem como qualquer outro cidadão,

mesmo que seja pra desprezar tostão por tostão...

Não importa com que moeda quer pagar, pois não há barganha com seu Tupinambá!

O material não rege o espiritual, mesmo que traga boa intenção dentro do bornal!

É melhor inté esvazia-lo do que mantê-lo cheio

e assim vai ver que é perda de tempo estufar o peito...

Pra dizer o que fez e o que não fez e se atolar na lama da insensatez...

O que será que o cavalo prefere: vespeiro ou formigueiro?

Isto não é ameaça, tira do olho a trave e o argueiro!

Se quiser descansar no puleiro, vá ciscar em outro terreiro!

Quem tem fé, apenas balança, se quiser ficar, vai ter que entrar na dança!

Aqui o ritmo é outro, não adianta comer caviar e arrotar repolho...

É melhor jejuar e deixar o teu próprio tempo chegar...

Ô Zé do Laço, também queria participar desta prosa, dizem que malandro senta e encosta! Falam demais sem ao menos um pouco saber e mal entendem que fazem por merecer...

"Aí compadre, eu te ofereço bebida e você me livra dessa".

E Zé Pelintra pergunta: Cara o coroa?

Você escolhe a moeda!

"Não tô entendendo essa conversa"?!

Ô meu amigo, você acha que eu vou cair nessa?

Tá muito enganado a respeito de malandro!

Pensa que malandro enche a cara e vive farreando?

Seu Severino, bota rosas no Gongá, Zé Pelintra tá vindo pra trabalhar!

Vem pra esclarecer filho de pouca fé que a bebida não é pra afastar ou atrair mulher...

E muito menos que malandro faz este tipo de trabalho,

o que malandro faz é combater este escárnio!

Pronto Zé Pelintra, já falou o que queria!

Agora, dá licença pra eu tocar minha boiada, que a hora da Terra já tá ficando avançada...

sábado, 22 de novembro de 2008

Yemanjá - Rainha do Mar


Deusa da nação de Egbé, nação esta Iorubá onde existe o rio Yemojá (Yemanjá). No Brasil, rainha das águas e mares. Orixá muito respeitada e cultuada é tida como mãe de quase todos os Orixás Iorubanos, enquanto a maternidade dos Orixás Daomeanos é atribuída a Nanã. Por isso à ela também pertence a fecundidade. É protetora dos pescadores e jangadeiros.
Comparada com as outras divindades do panteão africano, Yemanjá é uma figura extremamente simples. Ela é uma das figuras mais conhecidas nos cultos brasileiros, com o nome sempre bem divulgado pela imprensa, pois suas festas anuais sempre movimentam um grande número de iniciados e simpatizantes, tanto da Umbanda como do Candomblé.
Pelo sincretismo, porém, muita água rolou. Os jesuítas portugueses, tentando forçar a aculturação dos africanos e a aceitação, por parte deles, dos rituais e mitos católicos, procuraram fazer casamentos entre santos cristãos e Orixás africanos, buscando pontos em comum nos mitos.
Para Yemanjá foi reservado o lugar de Nossa Senhora, sendo, então, artificialmente mais importante que as outras divindades femininas, o que foi assimilado em parte por muitos ramos da Umbanda.
Mesmo assim, não se nega o fato de sua popularidade ser imensa, não só por tudo isso, mas pelo caráter, de tolerância, aceitação e carinho. É uma das rainhas das águas, sendo as duas salgadas: as águas provocadas pelo choro da mãe que sofre pela vida de seus filhos, que os vê se afastarem de seu abrigo, tomando rumos independentes; e o mar, sua morada, local onde costuma receber os presentes e oferendas dos devotos.
São extremamente concorridas suas festas. É tradicional no Rio de Janeiro, em Santos (litoral de São Paulo) e nas praias de Porto Alegre a oferta ao mar de presentes a este Orixá, atirados à morada da deusa, tanto na data específica de suas festas, como na passagem do ano. São comuns no reveillon as tendas de Umbanda na praia, onde acontecem rituais e iniciados incorporam caboclos e pretos-velhos, atendendo a qualquer pessoa que se interesse.
Apesar dos preceitos tradicionais relacionarem tanto Oxum como Yemanjá à função da maternidade, pode estabelecer-se uma boa distinção entre esse conceitos. As duas Orixás não rivalizam (Yemanjá praticamente não rivaliza com ninguém, enquanto Oxum é famosa por suas pendências amorosas que a colocaram contra Iansã e Obá). Cada uma domina a maternidade num momento diferente.
A majestade dos mares, senhora dos oceanos, sereia sagrada, Yemanjá é a rainha das águas salgadas, regente absoluta dos lares, protetora da família. Chamada também de Deusa das Pérolas, é aquela que apara a cabeça dos bebês no momento de nascimento.
Numa Casa de Santo, Yemanjá atua dando sentido ao grupo, à comunidade ali reunida e transformando essa convivência num ato familiar; criando raízes e dependência; proporcionando sentimento de irmão para irmão em pessoas que há bem pouco tempo não se conheciam; proporcionando também o sentimento de pai para filho ou de mãe para filho e vice-versa, nos casos de relacionamento dos Babalorixás (Pais no Santo) ou Ialorixás (Mães no Santo) com os Filhos no Santo. A necessidade de saber se aquele que amamos estão bem, a dor pela preocupação, é uma regência de Yemanjá, que não vai deixar morrer dentro de nós o sentido de amor ao próximo, principalmente em se tratando de um filho, filha, pai, mãe, outro parente ou amigo muito querido. É a preocupação e o desejo de ver aquele que amamos a salvo, sem problemas, é a manutenção da harmonia do lar.
É ela que proporcionará boa pesca nos mares, regendo os seres aquáticos e provendo o alimento vindo do seu reino. É ela quem controla as marés, é a praia em ressaca, é a onda do mar, é o maremoto. Protege a vida marinha. Junta-se ao orixá Oxalá complementando-o como o Princípio Gerador Feminino.



Atribuições

Essa força da natureza também tem papel muito importante em nossas vidas, pois é ela que rege nossos lares, nossas casas. É ela que dá o sentido da família às pessoas que vivem debaixo de um mesmo teto. Ela é a geradora do sentimento de amor ao seu ente querido, que vai dar sentido e personalidade ao grupo formado por pai, mãe e filhos tornando-os coesos. Rege as uniões, os aniversários, as festas de casamento, todas as comemorações familiares. É o sentido da união por laços consangüíneos ou não.

As Características Dos Filhos De Yemanjá

Pelo fato de Yemanjá ser a Criação, sua filha normalmente tem um tipo muito maternal. Aquela que transmite a todos a bondade, confiança, grande conselheira. É mãe. Sempre tem os braços abertos para acolher junto de si todos aqueles que a procuram. A porta de sua casa sempre está aberta para todos, e gosta de tutelar pessoas. Tipo a grande mãe. Aquela mulher amorosa que sempre junta os filhos dos outros com os seus. O homem filho de Yemanjá carrega o mesmo temperamento: é o protetor. Cuida de seus tutelados com muito amor. Geralmente é calmo e tranqüilo, exceto quando sente-se ameaçado na perda de seus filhos, isto porque não divide isto com ninguém. É sempre discreto e de muito bom gosto. Veste-se com muito capricho. É franco e não admite a mentira. Normalmente fica zangado quando ofendido e o que tem como ajuntó o orixá Ogum, torna-se muito agressivo e radical. Diferente é quando o ajuntó é Oxóssi, aí sim, é pessoa calma, tranqüila, e sempre reage com muita tolerância. O maior defeito do filho de Yemanjá é o ciúme. É extremamente ciumento com tudo que é seu, principalmente das coisas que estão sob sua guarda. Gostam de viver num ambiente confortável e, mesmo quando pobres, pode-se notar uma certa sofisticação em suas casas, se comparadas com as demais da comunidade de que fazem parte. Apreciam o luxo, as jóias caras e os tecidos vistosos e bons perfumes. Entretanto, não possuem a mesma vaidade coquete de Oxum, sempre apresentando uma idade maior, mais responsáveis e decididos do que os filhos da Oxum. A força e a determinação fazem parte de suas características básicas, assim como o sentido de amizade, sempre cercada de algum formalismo. Apesar do gosto pelo luxo, não são pessoas ambiciosas nem obcecadas pela própria carreira, detendo-se mais no dia a dia, sem grandes planos para atividades a longo prazo. Pela importância que dá a retidão e à hierarquia, Yemanjá não tolera mentira e a traição. Assim sendo, seus filhos demoram a confiar em alguém, e quando finalmente passam a aceitar uma pessoa no seu verdadeiro círculo de amigos, deixam de ter restrições, aceitando-a completamente e defendendo-a, seja nos erros como nos acertos, tendo grande capacidade de perdoar as pequenas falhas humanas. Não esquecem uma ofensa ou traição, sendo raramente esta mágoa esquecida. Um filho de Yemanjá pode tornar-se rancoroso, remoendo questões antigas por anos e anos sem esquecê-las jamais. Fisicamente, existe uma tendência para a formação de uma figura cheia de corpo, um olhar calmo, dotada de irresistível fascínio (o canto da sereia). Enquanto os filhos de Oxum são diplomatas e sinuosos, os de Yemanjá se mostram mais diretos. São capazes de fazer chantagens emocionais, mas nunca diabólicas. A força e a determinação fazem parte de seus caracteres básicos, assim como o sentido da amizade e do companheirismo.
São pessoas que não gostam de viver sozinhas, sentem falta da tribo, inconsciente ancestral, e costumam, por isso casar ou associar-se cedo. Não apreciam as viagens, detestam os hotéis, preferindo casas onde rapidamente possam repetir os mecanismos e os quase ritos que fazem do cotidiano.
Todos esses dados nos apresentam uma figura um pouco rígida, refratária a mudanças, apreciadora do cotidiano. Ao mesmo tempo, indicam alguém doce, carinhoso, sentimentalmente envolvente e com grande capacidade de empatia com os problemas e sentimentos dos outros. Mas nem tudo são qualidades em Yemanjá, como em nenhum Orixá. Seu caráter pode levar o filho desse Orixá a ter uma tendência a tentar concertar a vida dos que o cercam - o destino de todos estariam sob sua responsabilidade. Gostam de testar as pessoas.


Cozinha ritualística

Canjica branca

Canjica branca cozida, leite de coco. Colocar a canjica em tigela de louça branca, despejando mel por cima, e uvas brancas, se desejar.

Canjica Cozida

Refogada com azeite doce, cebola e camarão seco.

Manjar do Céu

Leite, maizena, leite de coco, açúcar

Sagu com leite de coco

Colocar o sagu de molho em água pura de modo a inchar, depois de inchado, retirar a água e levar ao fogo com leite de coco, de modo a fazer um mingau bem grosso, colocar em tigela de louça branca.


Lendas de Yemanjá

Yemanjá teve muitos problemas com os filhos. Ossain, o mago, saiu de casa muito jovem e foi viver na mata virgem estudando as plantas. Contra os conselhos da mãe, Oxossi bebeu uma poção dada por Ossain e, enfeitiçado, foi viver com ele no mato. Passado o efeito da poção, ele voltou para casa mas Yemanjá, irritada, expulsou-o. Então ogum a censurou por tratar mal o irmão. Desesperada por estar em conflito com os três filhos, Yemanjá chorou tanto que se derreteu e formou um rio que correu para o mar.

Yemanjá foi casada com Okere. Como o marido a maltratava, ela resolveu fugir para a casa do pai Olokum. Okere mandou um exército atrás dela mas, quando estava sendo alcançada, Yemanjá se transformou num rio para correr mais depressa. Mais adiante, Okere a alcançou e pediu que voltasse; como Yemanjá não atendeu, ele se transformou numa montanha, barrando sua passagem. Então Yemanjá pediu ajuda a Xangô; o orixá do fogo juntou muitas nuvens e, com um raio, provocou uma grande chuva, que encheu o rio; com outro raio, partiu a montanha em duas e Yemanjá pôde correr para o mar.

Exu, seu filho, se encantou por sua beleza e tomou-a a força, tentando violentá-la. Uma grande luta se deu, e bravamente Yemanjá resistiu à violência do filho que, na luta, dilacerou os seios da mãe. Enlouquecido e arrependido pelo que fez, Exu “saiu no mundo” desaparecendo no horizonte. Caída ao chão, Yemanjá entre a dor, a vergonha, a tristeza e a pena que teve pela atitude do filho, pediu socorro ao pai Olokum e ao criador Olorum. E, dos seus seios dilacerados, a água, salgada como a lágrima, foi saindo dando origem aos mares. Exu, pela atitude má, foi banido para sempre da mesa dos orixás, tendo como incumbência eterna ser o guardião, não podendo juntar-se aos outros na corte.
Por isso Yemanjá é representada na imagem com grandes seios, simbolizando a maternidade e a fecundidade.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Centenário da Umbanda


Reflexão
Escrever sobre os 100 anos de Umbanda me leva a grandes reflexões e a um turbilhão de sentimentos.

Posso começar por:

- O que representa a Umbanda na vida das pessoas?

Será que a Umbanda representa Desejos, Necessidades, Trocas ou O querer a qualquer custo?
Será que representa somente incorporar ou 'meu Guia sabe tudo'? Será que representa a inconsciência mediúnica caracterizando o médium como uma marionete? Ou, pior, um ser sem possibilidade, força e equilíbrio mental e espiritual para controlar seus impulsos, vícios e vaidades, além de não sustentar a ação de uma Força Superior dominando suas ações?
- E como será que a Umbanda está sendo praticada?

Será que a Umbanda está sendo praticada somente no dia de gira? Aliás, abençoada a casa que hoje, depois de cem anos, abre seus trabalhos regularmente e semanalmente ensinando e doutrinando seus médiuns e consulentes, deixando de lado a preguiça e o estímulo aos milagres.

Será que, ainda hoje, a Lei de Salva é praticada na Umbanda? Será que ainda temos médiuns e pais-de-santo afirmando que um trabalho espiritual é um 'Trabalho', portanto deve ser cobrado?
Será que a política deve ser estimulada dentro da religião como sendo imprescindível para sermos respeitados e a salvação de nossos direitos?

São tantos 'serás' que chego à conclusão de que falta muito para nos considerarmos verdadeiramente umbandistas, afinal a Umbanda vem sendo tão mal trabalhada, praticada e entendida que muito me entristece. Muitos já não sabem 'o que é' e 'o que não é' Umbanda, ninguém mais sabe 'o que está certo' e 'o que está errado' dentro da liturgia umbandista e da religião, não se tem mais uma 'Linha' a seguir, as 'invenções' e 'criações' não param de surgir e muitas vezes totalmente desnecessárias, chegando a beira do ridículo.

É inacreditável, mas muitos ainda não sabem que a Umbanda é uma Religião e muito menos conhecem sobre sua doutrina, ritos, rituais e cultural, não sabem argumentar, explicar, defender a sua própria crença, não sabem diferenciar Umbanda de Candomblé ou Quimbanda e outros ainda a tratam como espiritismo ou Umbanda Branca como se houvesse Umbanda Preta, Vermelha,...

E o modo de ver é que: 'se incorporou, então é Umbanda' e ainda, 'soluções rápidas e milagrosas, vá à Umbanda', consequentemente ela é tratada como fenômeno mediúnico apenas, como momento de êxtase ou pronto-socorro.

Estão esquecendo como surgiu a Nossa Religião e para que veio, estão esquecendo as palavras do querido Caboclo das Sete Encruzilhadas dizendo que a Umbanda seria uma religião sem preconceitos e que a humildade seria o prisma da Umbanda, que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos encarnados e desencarnados.

Estão esquecendo os avisos do Caboclo : "a vil moeda vai prejudicar a Umbanda; médiuns que irão se vender e que serão, mais tarde, expulsos, como Jesus expulsou os vendilhões do templo.

O perigo do médium homem é a consulente mulher; do médium mulher é o consulente homem".

E complementa: "É preciso haver muita moral para que a Umbanda progrida, seja forte e coesa.
Sejam humildes, tenham amor no coração, amor de irmão para irmão, porque vossas mediunidades ficarão mais puras, servindo aos espíritos superiores que venham a baixar entre vós; é preciso que os aparelhos estejam sempre limpos, os instrumentos afinados com as virtudes que Jesus pregou aqui na Terra, para que tenhamos boas comunicações e proteção para aqueles que vêm em busca de socorro nas casas de Umbanda. Fechai os olhos para a casa do vizinho; fechai a boca para não murmurar contra quem quer que seja; não julgueis para não serdes julgados; acreditai em Deus e a paz entrará em vosso lar".

Estão esquecendo que a Umbanda como Religião veio sustentada pelo Astral Superior para nos levar a um auto-conhecimento, a uma interiorização e evolução espiritual, conhecendo nossos desequilíbrios e modificando-os, ou seja, uma religião que exige a tão conhecida, porém tão pouca praticada – REFORMA ÍNTIMA.

A Umbanda é uma religião tão Divina e significativa que é a única religião que necessita do HOMEM e de seu ÍNTIMO como sendo o centro de tudo, ou seja, se o médium for Bom, sua Umbanda será Boa e Bem praticada, porém se o médium for vaidoso, só pensar em dinheiro, ostentar o poder e a ignorância, a Umbanda infelizmente refletirá esses aspectos e, infelizmente, é isso que vemos hoje dentro da Umbanda. Percebam que a vida particular de um padre, por exemplo, não reflete em sua religião ou no momento em que está realizando a missa, o mesmo acontece com outras religiões. Portanto, vale a pena refletir: será que aquele médium que briga durante a semana inteira, reclama, xinga e fala mal de todos e tudo constantemente, bebe, se droga, ostenta o poder, trapaceia, tem a capacidade ou a afinidade de no dia da gira, incorporar uma Entidade de padrão vibracional elevado??? Claro que não Portanto se quisermos ter uma Boa Umbanda temos que ser Bons, temos que praticar a religiosidade e a reforma íntima todos os dias da semana.

Percebam como a Umbanda é extremamente Poderosa e Divina! Ela é a única que envolve todas as outras religiões e doutrinas, ela é a única que aceita e alcança qualquer espírito, ela é a única que proporciona a verdadeira evolução do espírito, é a possibilidade de se resgatar as dívidas do passado, ela é a única que proporciona o "Fazer de novo Fazendo Diferente" e quando conseguimos isso rasgamos nossas promissórias do passado e o mais divino é que proporcionamos isso também aos Guias Espirituais, pois quando os intermediamos damos a oportunidade deles também resgatarem seus carmas e praticarem a sua evolução.

Umbanda é sentir o coração bater forte

com o grito do Caboclo.

É deixar as lágrimas rolarem

aos pés do Preto-velho.

É perceber o corpo arrepiando

ao repique da Curimba na chegada de Ogum.

Umbanda é emoção, é vida,

é mudança de atitude e de valores.

Umbanda é Paz de espírito, é Liberdade,

Superação e Convicção.

Umbanda é Fazer de novo fazendo Diferente.

Umbanda é caridade pura e simples.

Umbanda é coisa séria, para gente séria!


Que a Luz de Oxalá nos Ilumine e

que as Forças de Oxum nos unam na Fé de Olorum.

Mãe Mônica Caraccio

Desejamos a todos muita PAZ e muita LUZ!!! AXÉEEEEEEE!!!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Linha e Arquétipo dos Boiadeiros


Por Rodrigo Queiroz
Ditado por Sr. José Anízio
“Sou desse chão onde o rei é peão
Com o laço na mão laça, fere,marca...”
– Rei do Gado -

Em nossa última passagem pela Terra fomos filhos da terra, aqueles que dela viveram, dela extraímos a raiz de cada dia, o alimento da família e a esperança.
Montado no lombo de um cavalo ou boi pastávamos não os animais, mas ao som do berrante era possível berrar ao Pai Criador que olhasse por nós.
Eu fui peão, cuidei de muitas fazendas e deixei muitos fazendeiros ricos, estranhamente não respingava no meu bolso a pataca que no deles enchia. Tampouco me queixava disso, afinal, não saberia viver com luxo, gostava mesmo da rede amarrada no batente da simples varanda, ali eu podia descansar meus ossos.
Pra que se tenha mais entendimento, nós somos os verdadeiros sertanejos, aqueles que vivem na ferida do Brasil, é uma chaga que não se fecha e com o andar da carruagem periga que esta chaga tome o corpo todo desta terra varonil.
Não vou ficar a falar de minha pessoa e nem desta realidade brasileira, vou logo palestrar sobre nós como amigos trabalhadores do mundo invisível.
Parece que a linha dos boiadeiros é nova, mas não é não. Já manifestávamos em terreiros, tendas e barracões de muitas variantes do culto afro. No Catimbó é mais notável nossa presença.
Quando começou o movimento Umbanda no Astral é que nos organizamos e aguardamos a oportunidade de aparição dos terreiros deste culto. Assim foi ocorrendo de forma regional até que nos alastramos por todos terreiros de Umbanda.
Mas engana-se aquele que hoje pensa que esta linha de trabalho é composta por homens e mulheres da terra. Nem todos, aqui tem uma mistura grande.Também tem o machista que prega não existir mulher na linha boiadeiros, então o que faríamos com as amazonas? Ou tantas “Marias Bonitas” que guerrilharam por uma vida melhor???
Outro tanto de companheiros nesta linha são Ex-Exus, ou seja, espíritos que atuaram no Grau Exu, lá nas esferas mais baixas e que após receber a graça de se graduar na luz tem que passar por uma linha transitória. Eis a chave do nosso “mistério”. Boiadeiro enquanto Grau é um Grau de transição para espíritos que aguardam seu alocamento mais definitivo.Neste período vamos trabalhando na Lei, colocando ordem na fronteira do meio fio entre luz e trevas, já esta tênue linha existe dentro de cada um de nós, logo a oportunidade de trabalhar a ordem na fronteira, nos nossos semelhantes encarnados e desencarnados é a forma que o Criador achou para que nós pudéssemos fortalecer a ordem dentro de nós mesmo.
Com nosso laço, visto pelos clarividentes, este serve para buscar os zombeteiros e perturbadores. Nossa corda é infinitamente “elástica” e de onde estivermos se localizarmos um ponto negativo e um perturbador, dali lançamos o laço e no laço quebramos o mal.Somos comumente chamados nos terreiros para limpeza pesada, pois somos mesmo aquele que retira a carga pesada, quando batemos nosso pé e gritamos nosso boi, não sobra mal algum em nosso redor.
Por fim nosso arquétipo é o sertanejo, o brasileiro do sertão, quer seja o guerrilheiro lampião ou o tocador de gado. No entanto nem todos foram assim.Vou tocando meu gado por aqui e desejo que o Criador lhe ilumine!
Getuá Boiadeiros!
Nota do Médium: Quem não sentiu o chão tremer e o corpo bambear ao presenciar a manifestação de um Boiadeiro no terreiro, girando o braço como que a laçar um boi e gritando: - Êi boi! ???
A oportunidade de convivência com a diversidade cultural brasileira que a Umbanda fornece é algo incrível que só vivenciando para poder compreender. Podemos viajar o Brasil todo em apenas uma gira.
Desde que comecei a receber este texto, parecia que escutava ao fundo a música Rei do Gado, então pesquisei e achei a letra que abaixo transcrevo para finalizar este texto.
Obrigado aos valentes Boiadeiros do Além que nos ampara e nos guia, como disse certa vez o Sr. José Anízio: “- Estamos a serviço do Criador para tocar seu gado divino, cada filho seu, seu rebanho e cabe a nós laçar aqueles que se perderam ou afundaram em algum brejo da evolução e uma vez laçado vamos recolocar na trilha reta do caminhar. Mais um adeus e lá vamos nós a laçar o boi de meu Deus!”

Assentamento
01 Pedaço de corda sisal 77cm;
01 pedaço de fita cetim fina 33 cm na cor amarelo, preto e branco;
01 vela 7 dias bicolor amarelo/preto;
01 cigarro de palha;
01 cálice de cachaça.
Faça um laço sem nó com a corda, onde as pontas se encontram amarre as fitas e dê sete nós.
Acenda a vela, cigarro de palha e coloque o cálice tudo dentro do laço.
Toda semana acenda ao menos uma vela palito bicolor amarelo/preto. Na ocasião troque o líquido. Sempre que fizer esta firmeza semanal, pegue o cigarro e dê três baforadas, concentrado nos pedidos e orações.

Oração de assentamento
“Divino Criador, Divinas Forças Naturais, Divinos Orixás, neste momento vos evoco e peço que imante este assentamento, consagre e o torne um portal por onde os Boiadeiros do astral possam se manifestar, servindo de minha proteção e chave de acesso aos sertanejos de acordo com o meu merecimento. Peço que a força dos peões esteja presente e receba minhas vibrações.”
Ps.: Este é um assentamento universal para a linha de Boiadeiros, que pode ser consagrado a um Boiadeiro específico ou deixar aberta de forma universal.Faça isto com fé e amor, terá ótimos resultados.
Getuá meu Pai!
REI DO GADO – Autor Desconhecido
“Sou desse chão onde o rei é peão
Com o laço na mão laça, fere,marca
Deixando a ilusão de que tudo é seu
Com coragem de quem vive, luta, sonha
Vem ser mais feliz e quem sabe será
Voam livres pensamentos seus que vão pelo ar
O fazem sonhar e sentir-se um deus
Sou desse chão sou da terra raiz
Sou a relva do campo e pra sempre serei
Sou esse rei sou peão laçador
Do sertão sou senhor mas por força da lei
Ser mais feliz e quem sabe serei
Voam livres pensamentos meus vão pelo ar
E me fazem sonhar e sentir-me um deus..”

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Caboclo Guaracy



Salve o Caboclo Guaracy



" Que a luz divina esteja presente todos os dias após dias na vida de cada filhos e filhas do Pai Guaracy "
Salve o Caboclo Guaracy.

Como são espíritos da mata propriamente dita, todos recebem forte influência de Oxossi, no sentido apenas do conhecimento químico das ervas, independente do Orixá que trabalhe.
As entidades são nossos guias espirituais, são elas que orientam, aconselham, nos trazem uma palavra amiga, quando mais necessitamos. São nossos mentores, são espíritos que já viveram na terra a milhares de anos, e que por algum motivo especial voltam através da incorporação para uma evolução.

Quanto à descrição do Caboclo GUARACY é uma coisa muito particular, de médium para médium, é coisa que não se aprende, pois se fosse assim não seria a entidade manifestando-se, não adianta falar, pois cada médium sente a vibração de forma diferente.
Enfim, o importante é procurar trabalhar e deixar que as entidades atuem da forma que elas acharem conveniente porque com certeza elas nos conhecem melhor do que nós próprios pensamos que nos conhecemos...

PEDIDOS AO PAI GUARACY

Todos os Pedidos serão colocados nos pés do Pai Guaracy.
E assim com a benção de Oxalá e meu Pai Ogum e a Força deste Caboclo Maravilhoso seus pedidos serão atendidos.
Mutumbá Axé Meu Pai Guaracy

Obs.: NÃO Faça pedidos sem razões!!! Axé

Pra quem admira, respeita e ama este caboclo de luz...

Caboclo Guaracy...em tupi significa Sol ou Pena da cor do Sol

Guaracy ------------------------ intermediário para Ogum

LENDA

SOL E LUA

Guaracy e Jaci se apaixonaram
Por dois papagaios encantados
História lendária de paixão
Que conquistou meu coração
Sol... Lua
Não podia a mesma oca habitar
O Sol ofusca o brilho do luar
Então acharam a solução
Resolveram então se separar
Essa é a história do Sol e da Lua
Lenda de encantos e magias
História, inspiração e poesia
Dos astro que flutuam noite e dia
Jaci, é quem de dia vai descansar
Para poder a noite enluarar
Okê Caboclo, Okê


PONTO DE CHEGADA DO CABOCLO GUARACY

" Seu Guaracy se perdeu nas Matas...
Ogum Mege achou a acabou de criar...
Ele é oxossi, ele é guerreiro ele é Doutor Filho de Ogum neste terreiro"
Mutumbá Axé Pai Guaracy

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PONTO PARA IR EMBORA DO CABOCLO GUARACY

Oxalá chamou,
Pai Guaracy vai embora (Bis)
Levando os pedidos dos seus filhos a Oxalá (Bis )
Mutumbá Axé Caboclo
Mutumbá Axé Pai Guaracy.

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Alguns pontos do Caboclo Guaracy

Salve a falange do caboclo Guaracy
Deus do céu permita que
Ele chegue até aqui
Salve Tupã, Itatiaia e Poty
Salve Blasô e viva Guaracy
Salve o sol, salve as estrelas e o cruzeiro
Salve Guaracy que chegou neste terreiro

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Guaracy
Caboclo da Tribo Guaráse tupã é seu guia (BIS)
A macaia é seu lar
Da Tribo Guará
Saiu Guaracy
CABOCLO GUERREIRO
Igual nunca vi
Machado de pedra
Tacape de ipê
Flecha da Guiné
Lá do MUÇAMBÊ
Um grande guerreiro
um bom caçador
sua mão é guiada (BIS)
por nosso senhor, GUARACY
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A estrela Dalva é minha guia
E corre o mundo sem parar
Ilumina a mata virgem
CIDADE DO JUREMÁ
Ilumina a mata virgem
E os terreiros de além mar...
Com três dias de nascido
Minha mãe me abençoou
Me soltou na mata virgem
SENHOR OXOSSI ME CRIOU
Me soltou na mata virgem
SENHOR OXOSSI ME CRIOU

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Salve Caboclo Guaracy
Okê Caboclo! Okê!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A Arte da Defumação


A defumação na Historia



Ninguém sabe quando a humanidade começou a usar as plantas
aromáticas. Estamos razoavelmente seguros de que os sentidos do
homem antigo eram bem mais aguçados, e o sentido do olfato foi
crucial para sua sobrevivência. Há evidência do período Neolítico de
que ervas aromáticas eram usadas em culinária e medicina, e que
ervas e flores eram enterradas com os mortos. A fumaça ou fumigação
foram provavelmente um dos usos mais antigos das plantas, como parte
de oferendas rituais aos deuses. Era provavelmente notado que a
fumaça de várias plantas aromáticas tinha, entre outros, efeitos
alucinógenos, estimulantes e calmantes. Gradualmente, um conjunto de
conhecimentos sobre as plantas foi acumulado e passado a centenas de
gerações de xamãs.

Os seres humanos tem uma ligação muito forte com as plantas. As
plantas aromáticas tem sido honradas de um modo especial desde os
tempos antigos. Eram utilizadas em rituais religiosos e mágicos,
assim como nas artes curativas. Estas três práticas eram
fundamentais para a existência humana (ainda hoje continuam sendo).

As grandes civilizações desaparecidas do Oriente Médio e do
Mediterrâneo glorificavam os aromas, que faziam parte de suas vidas.
Creio que conhecer um pouco da história dos aromas e da defumação
mágica, é uma introdução adequada para sua prática.

Descendentes de Atlântida

Há 4000 anos, existia uma rota de comércio onde se cruzavam as
culturas mais antigas do Mediterrâneo e da África. Através dela,
acontecia o comércio e troca de diferentes mercadorias como por
exemplo: ouro, olíbano, temperos e especiarias em geral;
consequentemente, trocavam conhecimentos de suas diferentes
culturas. E foi bem no meio desta rota que nasceu a maior
civilização desta época: "O Egito".

A antiga civilização do Egito era devotada em direcionar os sentidos
em direção ao Divino. O uso das fragrâncias era muito restrito.
Inicialmente, sacerdotes e sacerdotisas eram as únicas pessoas que
tinham acesso a estas preciosas substâncias. As fragrâncias dos
óleos eram usadas em perfumes, na medicina e para uso estético, e
ainda, para a consagração nos rituais. Eram queimados como incenso.
Sobre as paredes das tumbas dos templos antigos perdidos no deserto,
há um símbolo que aparece com freqüência que parece uma fumaça que
sai dele mesmo. Isto confirma que no Egito se utilizava o incenso
desde tempos antigos. Quando o Egito se fez um país forte, seus
governantes importaram de terras distantes incenso, sândalo, mirra e
canela. Esses tesouros aromáticos eram exigidos como tributo aos
povos conquistados e se trocavam inclusive por ouro. Os faraós se
orgulhavam em oferecer às deusas e aos deuses enormes quantidades de
madeiras aromáticas e perfumes de plantas, queimando milhares de
caixas desses materiais preciosos. Muitos chegaram a gravar em
pedras semelhantes façanhas.

Os materiais das plantas aromáticas eram entregues como tributos ao
estado, e doados a templos especiais, onde se conservavam sobre
altares como oferendas aos deuses e deusas. Todas as manhãs as
estátuas eram untadas pelos sacerdotes com óleos aromáticos. Se
queimava muito incenso nas cerimônias do templo, durante a coroação
dos faraós e rituais religiosos. Se queimavam em enterros para
extrair do corpo mumificado os espíritos negativos.

Sem dúvida o incenso egípcio mais famoso foi o Kyphi. O Kyphi se
queimava durante as cerimônias religiosas para dormir, aliviar
ansiedade e iluminar os sonhos.

Os Sumérios e os Babilônios

É difícil separar as práticas destas culturas distintas já que os
Sumérios tiveram uma grande influência dos babilônios, e
transcreveram muita da literatura dos seus antepassados para o
idioma sumério. Sem engano sabemos que ambos os povos usavam o
incenso. Os Sumérios ofereciam bagas de junípero como incenso à
deusa Inanna. Mais tarde os babilônios continuaram um ritual
queimando esse suave aroma nos altares de Ishtar.

Tudo indica que o junípero foi o incenso mais utilizado, eram usadas
outras plantas também. Madeira de cedro, pinho, cipreste, mirto,
cálamo e outras, eram oferecidas às divindades. O incenso de mirra,
que não se conhecia na época dos Sumérios foi utilizados
posteriormente pelos babilônios. Heródoto assegura que na Babilônia
queimaram uma tonelada de incenso. Daquela época nos tem chegado
numerosos rituais mágicos. O Baru era um sacerdote babilônio esperto
na arte da adivinhação. Acendia-se incenso de madeira de cedro e
acreditava-se que a direção que a fumaça levantava determinaria o
futuro, se a fumaça movia-se para a direita o êxito era a resposta,
se movia-se para a esquerda a resposta era o fracasso.

Os gregos e romanos

Estes povos acreditavam que as plantas aromáticas procediam dos
deuses e deusas. O povo chegou a consumir tantos materiais
aromáticos para perfumar-se que no ano de 565 foi decretada uma lei
que proibia utilizar essenciais aromáticas pelas pessoas com temor
de não ter suficiente incenso para queimar nos altares das
divindades.

Nativos americanos

Os nativos americanos vivem em harmonia com a terra, reverenciam-na
como geradora de vida. Os nativos americanos desde muito tempo tem
conhecido o valor e poder de cura das plantas de poder, usadas em
tendas de suor, dança do tambor etc. Queima se sálvia, cedro e
resinas para limpeza de objetos de poder. É usada para a saúde e o
bem estar de sua tribo.

Incenso do Templo

Desde épocas mais antigas, as substâncias aromáticas naturais de
plantas tem um papel vital na vida diária dos povos. Estas ligações
vitais entre povos e plantas perderam-se, e muitos de nós perdemos o
toque com a terra e com nosso próprio estado de saúde.

De acordo com o Zohar, oferecer incenso é a parte a mais preciosa do
serviço do templo para os olhos do grande deus. Ter a honra de
conduzir este serviço, é permitido somente uma única vez na vida.
Diz-se que quem teve o privilégio de oferecer o incenso está
recompensado pela sorte com riqueza e prosperidade para sempre,
neste mundo e no seguinte.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Baiano Setembrino


Biografia do Baiano Setembrino

Esse Baiano é Porreta, não gosta de coisas erradas, se tiver que brigar briga, se tiver que falar também fala!

Nasceu em Alagoas, em 10 de Fevereiro de 1821, era trabalhador rural na lavoura no corte de cana, era um trabalho muito pesado desde então bebe a sua cachaça (marafo).

Primo do Sr. Zé Pelintra de Alagoas

Seu apelido: Zé Pinguinha

Sotaque característico Nordestino

Bebida: Cachaça e Batida de Coco, sua cachaça é preparada em um coco

Fumo: Cigarro de Palha ou Charuto

Vestimentas: Roupa Branca e Chapéu de Palha

Guia: Branca e de Coquinho

Trabalha para Oxum

Trabalha: Desmanchando trabalhos de magia negra, dando passes, etc,. É portador de fortes orações e rezas, trabalhando com o Exu Veludo da Estrada

Vela: Amarela

Comidas: Farofa com carne seca, Sarapatel (tudo com muita pimenta)

Hoje ele não tem mais evolução, pois já se evoluiu o que tinha que se evoluir. A sua missão hoje é ajudar as pessoas que precisam até chegar a sua hora de subida.

Em algumas de suas histórias conta que era muito namorador, e que uma vez foi querer namorar a Maria Bonita (mulher do Lampião), e o Lampião não gostando de nada disso quase cortou o seu objeto, mas diz ele que não conseguiu.

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Ponto de chegada do Baiano SETEMBRINO
Andei sete noite
andei sete dias
chegou seu SETEMBRINO com seu povo da bahia
2x
Pimenta malagueta
azeite de dende
viagei a noite inteira só prá li ver
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Outros pontos
baiano já vai embora
vai fazer sua retirada
2x
vai levar cabra safado pra estourar na encruzilhada
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sou um baiano grande do cabelo pichaim
só não vou dizer meu nome pra ninguem chamar por mim
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Baiano é povo bom
é povo trabalhador
quem mexe com baiano
mexe com nosso senhor 2 x
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Não me mexa com baiano
baiano não é brincadeira
sou filho de dois baianos
na segunda sexta feira
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Baiano dá aueeee
baiano tira
baiano leva pra Virgem Maria 2x
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Esta é uma pequena homenagem que faço ao meu grande Amigo Baiano Setembrino, aquele que me trouxe da Escuridão de volta para a Luz.

Muito obrigada meu amigo!
Veridiana
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Todos os direitos autorais desta mensagem são do Sr. Boiadeiro Rei, podendo ser reproduzida sem modificação de conteúdo, e sendo indicado a origem e fonte.